sexta-feira, 15 de abril de 2011

Revolução tunisiana visita o Brasil




Ontem(14), a cidade de Porto Alegre recebeu a visita de um importante dirigente da revolução em curso na Tunísia, Amami Nizar. Tal visita, em busca de apoio internacional para as lutas em seu país pela democracia, foi possibilitada pelos camaradas da direção do PSOL, através da ida do dirigente da Secretaria de Relações Internacionais do PSOL, Pedro Fuentes, até Tunísia a poucos meses.

Amami Nizar participou em POA das assembléias do sindicato dos correios e dos muncipários de, e no fim da tarde, esteve na Câmara de Vereadores dando uma entrevista coletiva para veículos de mídia alternativa, e após apresentou uma rica palestra sobre a situação atual da revolução, no Plenário Ana Terra.

Amami ressaltou aquilo que muitos de nós, que não nos limitamos as informações oferecidas pela grande mídia, já sabiamos: O processo em curso é expontâneo, laico, e busca mudanças profundas nas vidas das pessoas em relação a emprego, liberdade de expressão e participação, além do fim das desigualdades regionais, da corrupção, da repressão, e do sionismo.

Antes mesmo do início das grande revoltas que derrubaram o ditador Ben Ali, que a mais de 30 anos estava no poder, desde a independência do país, o povo reivindicava o fim das privatizações, fim dos trabalhos precários, melhoras nas aposentadorias, aumento de salários, e etc.
Quando as revoltas começaram existiam 130 mil jovens desempregados no país. Assim, existiam focos isolados de luta em diversas partes da Tunísia, encabeçados principalmente pelos jovens.

Os partidos políticos existiam, e tinham certa legalidade, mas de acordo com as leis eles não podiam reunir-se, então os sindicatos eram a representação maior e mais forte das lutas pela democracia desde os anos 20, muitos hoje ligados á UGTT ( União Geral dos Trabalhadores Tunisianos), da qual nosso visitante Amami Nizar faz parte, representando o Sindicato dos Correios e Telecomunicações. Existe também um grupo de mulheres tunisianas ativo que mantinha a luta feminista lá durante o regime.

Durante as revoltas, a mídia ligada a ditadura, que hoje está nas mãos da burguesia local, espalhou calúnias nos meios de comunicação para evitar as manifestações, disendo que os revoltosos eram inimigos do povo, que eram militantes pró islâmismo, e inclusive atribuindo a eles a responsabilidade por atos terríveis, como por fogo em escolas, quando quem realmente os fazia eram militares ligados ao regime. Amami destacou a importância muito grande da utilização dos meios de comunicação alternativos para a organização das mobilizações, e a importância de a juventude ter usado de forma tão eficas mecanismos como Facebook e Twitter, que foram através de onde o mundo pode realmente ver o que se passava no país.

Durante as revoltas, os manifestantes organizaram assembléias de bairros, através das quais conseguiam mobilizar a população com rapidez, avisar quando aconteciam incurssões militares, e hoje essas assembléias são um mecanismo de discussão com a população.

As manifestações continuaram, ganharam força e adesão da população, e até mesmo setores do comérico e da pequena burgeusia pareceram simpáticos as pautas levantadas.
Após a queda do ditador, uma comissão ligada á burocracia estatal e a antigos presidentes se instalou no poder, juntamente á setores da burguesia local, e por isso as revoltas não pararam. A revolução continua em curso, e a população continua nas ruas lutando por mudanças.

Algumas conquistas foram citadas por Amami, como a lei que a comissão que organizará as eleições em junho aprovou, que institui a paridade nas listas de candidatos dos partidos de 50% de homens e 50% de mulheres, assim como a proporcionalidade na votação, punição de impossibilidade de participar da vida pública e política aos políticos ligados á Ben Ali por 23 anos, incluindo o próprio ditador, e a participação de uma comissão internacional que irá fiscalizar as eleições.

Amami ressalta que ainda á muito a se conquistar na Tunísia, e que a queda de Ben Ali foi só início desse período de mudanças. A Liga de Esquerda Operária, da qual Amami faz parte, que herda a cultura da Liga Comunista da 4° Internacional, está buscando nas experiências latinoamericanas, e nos governos bolivarianos, um exemplo para a construção da nova constituição tunisiana, e Amami disse que entende como muito importante a luta em defesa do povo Palestino, que o Brasil apoia, e a lei no Brasil da Ficha Limpa. (uma pena que aqui tenha ficado só no papel...quem sabe na Tunísia funcione...).

É preciso ainda mudar muitos pontos na constituição, modificar o sistema judiciário para garantir punição justa ao alto escalão de comando da ditadura, e mudar as relações com os países imperialistas que tentam intervir no processo, como EUA, França, entre outros.
Apesar disso, Amami é claro e sério quando afirma que o povo não vai parar de lutar, e não vai desistir.

TODO APOIO AO POVO ÁRABE!
A LUTA SOCIALISTA É INTERNACIONAL!

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