Estavam mentindo em todas as vezes.
Digo isso no começo deste post por que abaixo está o último boletim enviado pela comissão de comunicação do Movimento 89 de junho.
Acho importante dizer isso para que o movimento não pare com as mobilizações por achar que as conversas e reuniões com o DCE irão resolver todos os problemas de 22 anos de lutas.
O diálogo é a chave, mas a mobilização é o pé de cabra que vai abrir as portas do DCE para os estudantes, e não podemos abrir mão desta ferramenta!
Devemos estar em mobilização permanente até que as demandas sejam atendidas!
No dia 08 de junho, duas estudantes tentaram inscrever suas respectivas chapas para eleição de delegados para o 52º Conune (Congresso Nacional dos Estudantes da UNE). O DCE da PUCRS, que também é comissão eleitoral, impugnou as chapas sem dar nenhuma explicação. As estudantes ao pedirem justificativas foram agredidas. Nesse mesmo dia, como forma de protesto, 15 universitários acamparam em frente a sede do DCE para exigir a inscrição das chapas. No dia seguinte, muitos estudantes da PUC realizaram uma manifestação em defesa da democracia, os membros do DCE jogaram gás de pimenta contra os manifestantes. Neste dia foi criado o movimento 89 de junho (8 e 9 datas que tudo começou), agregando estudantes da PUCRS de diversos cursos.
Já na sexta-feira (10/06) decidiram tirar o acampamento e fazer novos protestos na semana seguinte. Na segunda-feira (13/06) o DCE decidiu fazer as eleições mesmo assim, de forma antidemocrática, com apenas uma urna, sendo que existe quórum mínimo de participação dos estudantes de 5% do total dos matriculados na Universidade. Ao descobrirem que na cédula de votação continham duas chapas, algumas estudantes foram na noite desse mesmo dia até a sede provisória do DCE no prédio 15. Ao chegarem lá solicitaram as nominatas das chapas, já que no edital exigia 52 nomes e não havia nenhum panfleto de ambas as chapas na Universidade. Queriam, também, saber as propostas das chapas. A resposta do DCE, com a conivência da PUCRS, foi trancar as meninas dentro da sala, apagarem as luzes e agredirem elas fisicamente.
Ao longo desse processo de mobilizações, muitos estudantes descontentes com a atual gestão do DCE começaram a fazer parte das mobilizações e passaram a reivindicar eleições democráticas para o DCE imediatamente. Agora o movimento 89 de junho espera que sejam realizadas eleições de fato democráticas na PUCRS, com ampla divulgação, urna eletrônica e todos os mecanismos que uma eleição séria precisa.
Quem é o DCE da PUCRS atualmente?
O DCE da PUCRS é controlado há mais de 20 anos por um grupo político do PDT, liderado pelo vereador Mauro Zacher, que inclusive já foi Presidente do DCE. Perpetuam-se no comando da entidade através de fraudes eleitorais, escondendo o processo eleitoral com editais afixados apenas dentro da sede do DCE, com ameaças e agressões a qualquer estudante de oposição. Conseguem tudo isso com respaldo da Reitoria, com a qual mantem uma relação de atrelamento total. Os membros do DCE são estudantes profissionais. Ganham da Reitoria isenção total da mensalidade, matriculam-se em vários cursos que não se formam e usam do DCE para benefício próprio, como o acordo para não pagarem estacionamento. Há indícios de uso do dinheiro para financiamento de campanhas eleitorais, pois os membros do DCE são os maiores doadores de campanha de Zacher, sendo que não possuem patrimônio declarado que justifique as doações de milhares de reais. E, vários membros de gestões passadas e da atual trabalham ou trabalharam no gabinete do Zacher.
Afinal, pra que serve um DCE?
Na PUCRS, os estudantes não sabem a verdadeira função de um DCE, já que o atual desvirtuou completamente o papel da entidade. O DCE serve para representar e defender o interesse dos estudantes da PUCRS. Quando o valor da mensalidade sobe de forma abusiva, quando precisamos de apoio aos estudantes como cotas de xérox e de impressão (que existem em várias PUC’s por todo o Brasil), para defender um Restaurante Universitário a baixos preços e principalmente pela qualidade de ensino. O DCE deve promover ações de integração dos estudantes, como eventos culturais, palestras, debates, simpósios, conferências. Deve até mesmo promover campeonatos esportivos e festas de integração. Mas, principalmente, deve ser o órgão de defesa dos estudantes, independente da Reitoria de fato. Hoje o que vemos é um DCE fechado para um grupo de cerca de 15 pessoas, com muitos privilégios, atrelado a Reitoria e que agride, ameaça outros colegas e não passa de uma fábrica de carteirinhas escolares e sala pra esses 15 jogarem PlayStation.
E como está a negociação?
O Movimento 89 de Junho busca o diálogo em primeiro lugar. Todas as manifestações foram decorrentes da intransigência do DCE e da Reitoria da PUCRS. No dia 15 de junho, aconteceu a primeira reunião entre o Movimento, Reitoria e DCE, mediados por uma comissão de vereadores e deputados estaduais. O movimento apresentou cinco pautas. As principais eram eleições livres e transparentes para o DCE imediatamente, auditoria financeira da entidade (já que nunca prestaram contas) e expulsão dos membros do DCE que agrediram colegas dentro do Campus duas vezes em uma semana.
A postura arrogante do DCE foi neutralizada pela força da mobilização. Foram obrigados a recuar e aceitaram eleições livres, com urnas eletrônicas do TRE e com observação de entidades como Ministério Público, OAB, Ajuris, além da Câmara de Vereadores de Porto Alegre e da Assembleia Legislativa. Entretanto, não concordaram com o calendário que prevê eleições para setembro de 2011. Sexta-feira, dia 17 de junho, às 11h, terá a próxima reunião para o DCE responder sobre a data da eleição.
A União Nacional dos Estudantes já anulou a eleição fraudulenta promovida pelo DCE da PUCRS, para delegados ao 52º Congresso da UNE. A PUCRS é a única Universidade no Brasil que foi necessária intervenção da organização nacional do Congresso. A eleição se realizará em calendário que será definido neste fim de semana. Apesar do pouco tempo para a campanha, será a primeira eleição democrática da UNE na PUCRS depois de mais de uma década.
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